sábado, 30 de abril de 2011

Em busca de identidade...


Numa fuga sem destino...
Parto em busca de mim...
A estrada é sem caminho...
E o horizonte é sem fim.

Não importa a distância...
Que eu venha a percorrer...
Dedicarei dias e noites...
Para meu “eu” conhecer.

Passos falsos, mão vazias...
Sigo um rumo, sem direção.
Na mente levo a certeza...
E a paz no meu coração.

Na bagagem eu carrego...
Amor, dor e saudade.
Do meu corpo levo “o todo”...
Da minha alma, a metade.

Cada escolha uma renúncia...
Duas entradas e uma saída.
Vou tecendo a minha história...
No palco da minha vida.

Não fugindo de mim mesma...
Mas tentando me encontrar!
Para você, quem sabe um dia...
Também poder me achar.

E assim vou caminhando...
Construindo realidade
Sepultando minhas dúvidas...
E fazendo vingar verdade!

Texto: Ana Laura

Foto e Título: Cecília Alvares

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ode a um guitarrista

E o silêncio se fez canção...
Ecoou nos meus ouvidos,
Transportou-me à imaginação.

Ouço uma voz que cala...
E a pronúncia de palavras mudas...
Mãos que imitam a voz...
Com suas vestes desnudas.

Na vibração das cordas expressa...
Euforia ou melancolia...
E na harmonia dos arranjos...
Dá fala à melodia.

Ao teu talento... Serei aplausos.
Do teu Palco... Serei platéia
Ouvidos aos teus acordes...
Presença na tua estréia.

E o sonho se chamará música...

Texto: Ana Laura

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dualidade

Quem somos??
Somos a imagem dos olhos e da mente de quem nos vê...
Aos olhos dos outros somos apenas a descrição de comportamentos diagnosticados, rotulados por “achismos” e conhecimentos superficiais.
Mas que imagem fazemos de nós mesmos?
Poderíamos nos definir como “momentos relacionados ao depende”, pois podemos ser, pensar ou agir de diferentes formas no decorrer de nossas vidas, dependendo dos inúmeros fatores que estão inseridos no contexto naquela situação, tempo ou circunstância...
Nossos conceitos, paradigmas e paradoxos estão em constante reciclagem transformando nossas percepções na medida em que acumulamos em nossa bagagem novas experiências, conhecimentos, cometemos erros, fracassamos ou conquistamos vitórias...
A cada dia, nos deparamos com novas situações que nos fazem agir de forma diferente do que agimos ontem ou agiremos amanhã.

Por isso, somos apenas momentos...
Oras de felicidade, oras de tristeza;
Oras de Ira, oras de calma;
Coragem ou covardia.
Determinação ou dúvida...
Ódio ou amor...
Antagônicos momentos...
Ora bons...mas não eternos
Ora ruins...mas não infindáveis...

Momentos de emoção...momentos de razão...
Momentos de perda de um desses substantivos, de ambos... Ou da perfeita harmonia entre eles...

Apenas momentos...
Porque não somos os mesmos, com todas as pessoas, durante todo tempo...
Porque não agimos da mesma maneira em qualquer situação...
Porque o que somos e pensamos não é estático, tampouco inerte...
Porque conceitos são dinâmicos e evolutivos e a forma como encaramos o mundo e a maneira pela qual reagimos a ele...também!

A dualidade é inerente ao ser humano, dependendo do momento... e idependente de tempo ou ocasião...

Texto: Ana Laura

terça-feira, 19 de abril de 2011

Liberdade





Cerca-me com o teu corpo alado.
Envolve-me em tua coragem e conduz-me no teu caminho.
Livra-me das botas apertadas e ensina-me a andar descalço pela vida.
Deixe que eu sinta teus sabores e desfrute dos teus prazeres.
Permita-me alforriar o querer...
Liberta-me do passado e convida-me para contigo voar.
Condena-me aos teus encantos...
Faz-me refém da tua busca e prisioneiro da tua essência.
Confina-me no teu esconderijo e acorrenta-me à tua existência.
De ti, quero ser dono e súdito...
Exorcisa meus demônios e liberta meus desejos.
Faz de mim tua prisão e toma minha alma como se tua fosse.
Oh liberdade... Não negue teu corpo à idolatria platônica que por ti alimento.
Tua sensação, ainda que ilusória, confere-me plenitude.
Quero-te nua! Despida de mistérios...
Confessa-me os teus segredos e deixe que eu desvende os teus enigmas
Escraviza-me na tua clausura...
Decifra-me! Devora-me! Liberta-me!

Texto: Ana Laura
Foto: Deh Cavalcante

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Em busca de algo a mais.

Queria alguém com as tuas qualidades.
Somadas às qualidades dele também.
Mas sem que tivesse, no entanto...
Nenhum dos defeitos que vocês têm.

O que nele muito admiro...
É em você ausente.
No entanto, tens um encanto...
Que nele não está presente.

Discordamos em filosofias e ideologias.
E acredito que o meu mundo não é o teu!
Mas ao mesmo tempo procuro... Um mundo que não seja só meu...

Queria você não somente em sonhos...
Mas como parte da realidade.
E que na minha fantasia... Teu sonho fosse a minha verdade!

Queria ter os pés no chão!
E ao mesmo tempo... Flutuar!!
Queria mergulhar! Ir fundo!!! Sem, no entanto, me afogar...

Eu queria muitas coisas...
Sem que essas "coisas" fossem "muitas".
Queria felicidade, amor, saudade...
Queria do tudo... o inteiro! E não apenas metade.

...queria estar lá, sem me desligar daqui...
...queria viajar, sem saber ao certo aonde ir...
...e queria chegar, sem precisar partir...

...E eu queria a terra, a água e o ar!!
Mas eu também queria... Aprender a amar!

Eu queria tanta coisa... mas não me permito ter.
Na verdade, o que eu não queria...
Era permissão para querer!!!

E ainda que encontrasse o que procuro... continuaria em busca do “algo a mais”...

Texto: Ana Laura

sábado, 16 de abril de 2011

Silêncio... palavra que fala

O silêncio pode falar...
Expressando- se nos olhos... Sem palavra pronunciar.

Pode tocar...Traduzindo-se em gestos, sem nada mencionar.
Pode gritar...Encontrando na angústia uma forma de se expressar
Pode chorar...E em lágrimas desabafar.
Pode ainda aumentar... A dor que ele decide sufocar.
Mas também pode guardar... Os segredos que ele não quer revelar...

O silêncio pode também sorrir...
E na sutileza dos lábios se proferir.

Pode chamar-se canção...
Quando o talento encontra cordas e mãos...
Pode seu teor estar enrustido...
E nas melodias passar despercebido.

Na poesia...o silêncio também pode ser ditado...
E em frases e versos ser recitado.

O silêncio pode enfim ser rompido. E atropelado por palavras ser invadido.
Mas quase sempre o silêncio cala... E na palavra não dita é onde se instala.

O silêncio pode tudo fazer...
Até mesmo um sentimento esconder.
Sim... E ele também é capaz de amar... Ainda que precise negar... E em seu casulo se fechar.

Texto: Ana Laura

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Desejo

Importa-me é ser tua! Que me importa o resto...
Quero é ser possuída, devorada, tomada pelo teu desejo...
Sedento, incontrolável, faminto!
Quero me sentir mulher em carne e sentimento...
Em corpo e perfume.
Quero todos os teus sabores...
Alimenta-me com teu néctar e deixe-o escorrer em meus lábios.
Beija minha pele nua e faz meu corpo arder em desejo...
Toque-me sem pudor.
Mata tua sede em meu sexo e beba toda minha vontade.
Inebria-me! Confunda-me em dor e prazer...
Convida-me para dançar no teu ritmo e mantenha o compasso... Sem pressa...
Quero sentir teu hálito ofegante em minha nuca na ausência de outros sons...
Envolva-me nos teus braços...
Esgota-me nos teus carinhos...
Permita que eu sinta o meu sangue fervilhar no teu corpo.
Banha-me com o teu suor e rega-me no teu salivar.
Que eu me perca em você quando estiveres em mim.
E que ao olhares nos meus olhos... Nada mais faça sentido.

Texto: Ana Laura